


eu adoro os vilões. Acho eles o máximo. Não se comparam aos heróis perfeitinhos. Talvez por este motivo que em meados dos anos 80 os anti-herois começaram a fazer sucesso. Acho que foi cansando dos heróis 100% corretos e tornando-os mais humanos e falhos. Acho que todo mundo concorda que o que fazia o Batman ser legal eram seus vilões, não é ? O que seria do Batman sem o Coringa ? Do Luke Skywalker sem o Darth Vader ? Ou mesmo Seyia sem o Saga ? rs…
Victor era arrogante desde criança. Sempre sendo super dotado, e talvez por ser filho de uma ‘bruxa’ cigana ( que ele nunca leia isso…hehehe ), ele sempre foi diferente das outras pessoas. E isso é mostrado bem detalhadamente no livro. Fora que podemos seguir todo o pensamento dele, sua psique, sua condução com mão de ferro.Uma linguagem arrogante e convencida, mesmo quando está deprimido. Todo seu amor pela mãe culmina em sua primeira incursão ao mundo inferior, enfrentando um demônio vermelho ( que nesta série não é nomeado como Mefisto, mas somente como o demônio ) e com isso, após levar uma surra, seu rosto fica marcado, não pela explosão da máquina, mas sim pelo toque deste demonio. Aliás, dentre as mudanças que foram feitas, esta é uma que eu achei bem interessante. Sempre nos foi dito que a máquina havia falhado, que ele habitou o mesmo dormitório que o Reed e que ele apenas estudou nos EUA. Mas esta série mostra que ele
mal falava com o Dr. Richards e ainda trabalhou para o Governo Americano, que era quem bancava os estudos dele em troca de seu talento com engenharia e magia. Tudo nos leva a entender que a história se passa durante a guerra fria, uma época que eu acho muito rica pra se escrever algo político como é o fundo desta história. Claro que é preciso lembrar que quem conta a história é o próprio Dr. Destino e por este motivo, algumas coisas ele pode ter distorcido durante a narrativa, já que embora ele seja um altivo tirano, ele também é bem orgulhoso e tem a visão distorcida de um conquistador, que justifica seus
atos violentos como se fossem necessários para o ‘bem maior’. E cabe uma notinha curiosa, de que nesta edição ele não conclui a formação, e para ser um “doutor”, ele se auto-denomina após ver uma entrevista com o Reed Richards na TV. Um louco de pedra, mas um super louco de pedra. Ele não se considera um herói e nem um vilão. Ele é apenas o Dr. Destino e isso pra ele basta. Um homem que se considera acima do bem e do mal e onde tudo que ele fala e pensa não deve ser contestado por seres inferiores ( no caso, todo o resto do mundo ) É ou não uma figura magnífica ?
J M DeMatteis é um grande argumentista. Ele supera nesta publicação muitos outros e na minha opinião é muito pouco reconhecido por alguns de seus trabalhos. Pensa bem no tamanho do simbolismo que ele coloca nesta edição. Leia ou releia procurando as entrelinhas, a base psicológica por trás de uma aventura onde torcemos pelo vilão, podemos nos identificar com ele, sentir como ele e ao final, até achar que em algum momento poderíamos vir a nos tornar alguém assim. Não no sentido de ser vilão, mas no sentido de descobrir que é de verdade e de ter a coragem de fazer o que é preciso pra se encontrar. É uma pena ele se suicidar no final, porém não havia forma de tornar a história mais memorável ou coerente com o decorrer dos acontecimentos. Meus cumprimentos sinceros e gratidão eterna a este grande artista.
Loki tinha inveja de seu irmão de criação, o “senhor perfeitinho“, aquele que toda pessoa imperfeita normal adora odiar. Thor não é deus do trovão só por comandar o clima, mas porque tem temperamento tempestivo, irado. Fora isso, é uma pessoa justa e boa. Loki é mais mental, mais planejador, porém sempre cresceu a sombra do irmão e isso forjou a fogo uma personalidade vingativa e cruel, com percepção distorcida dos atos próprios e dos atos dos outros. Este comportamento todo baseado nesta inveja. E este é o ponto central da publicação. Um filho adotado que passa a vida toda querendo brilhar aos olhos do pai. Pai este que enxerga o filho da mesma forma que o mais velho, mas na visão distorcida do Loki, não. Pro Loki, o pai sempre prefere o Thor. É possível entender a loucura do Loki, entender, não justificar, mas tem algo mais… e a magistral sequencia da HQ faz a gente até torcer pelo vilão em alguns momentos. E sentir pena dele no final. Mostra que o mundo que vemos é consequencia das escolhas que fazemos, não apenas nos atos, mas, antecendendo estes atos, as escolhas que fazemos no moldar de nossos pensamentos mais internos. Os pensamentos que achamos que são nossos, mas que as vezes andam sozinhos. Muito show, né ?
Esta saga serviu também pra lançar o novo uniforme do Homem-aranha, que depois seria revelado como um simbionte alienígena, e por fim se tornaria o Venom ao se unir ao Eddie Brock algumas edições depois.
Acho bacana falar sobre ele já que em breve teremos o filme baseado neste arco, que mostra o retorno do parceiro adolescente do Capitão América, Bucky Barnes. E acho que o escritor Ed Brubaker foi muito feliz na forma que contou esta volta de um personagem que por muitos anos era considerado intocável assim como o tio Ben do Peter Parker. Sendo bem sincero não está entre as melhores histórias que eu li do Capitão América, e nem o desenho merece tanto destaque assim. Alguns angulos são bem legais e a coloração é bacana, mas Steve Epting, embora um bom desenhista, não tem algo que destaque, ou chame a atenção digna de nota. É apenas uma boa história do Capitão com um acontecimento marcante pra caramba. Claro que convenhamos que o Capitão após seu retorno nos Vingadores nos anos 60 nunca foi um dos maiores da Marvel ( exceto atualmente, por conta dos filmes… ) como ele era na época original, da guerra mesmo, mas vale a pena a leitura porque o final é bom. A condução toda é meio cansativa, embora o escritor tenha se empenhado muito em dar um passado e preencher as lacunas do Bucky em todos os anos que ele esteve sumido e o preenchimento foi deveras excelente, criativo e crível, além de ser algo novo. Acho que a história toda serve muito mais como reset e referencial, algo para te localizar para o “grand finale” que é o retorno do Bucky no final.
O começo é chocante, já que logo de cara o Caveira Vermelha é morto. E temos uma visão mais clara do verdadeiro Cubo Cósmico, que não é a aberração inventada no filme dos Vingadores. Gosto muito do filme, aliás, vibrei em cada momento no cinema, mas não gosto quando mudam algumas naturezas… claro que tudo isso é a minha opinião e não acho que é melhor do que a de ninguém, é apenas a minha visão. E cada um tem a sua. 😉
Curiosamente eu conheci o Caveira Vermelha quando era criança, no desenho animado do Capitão América dos anos 70… lembro-me que demorei pra acostumar com o nome Caveira Vermelha, já que no desenho ele era chamado de Crânio Vermelho. Coisas de véio… Até tenho alguns episódios desta época em minha videoteka, mas acho que se procurar direitinho acha alguma coisa no Youtube. Acho curioso como tem coisa inútil no youtube e estas coisas clássicas que poderiam estar todas lá, não tem nada… youtube, facebook, falecido orkut… locais de centralização do umbigo pessoal de cada um, não é ? hehehehe… ( Olha quem está falando…. hahhahaha )
Recomendo a leitura, acho que vale a pena porque é uma história que vai se tornar um clássico. Foi tão bem feita que não precisou ser refeita com flashbacks depois, já que a base criada aqui foi sólida. Talvez por isso tenha entrado na coleção, não apenas por conta do frenesi do filme. Fazia anos que nada de importante acontecia ao Capitão e acho que este retorno deu uma grande renovada nele. É uma história de guerra, emoção, reencontro. É Capitão América como ele mesmo, fiel a si mesmo, como gostamos.